19 de abr. de 2008

Na aula presencial, quando a professora lançou a proposta de desenhar, não percebi o sentido, e confesso que logo pensei: "Que perda de tempo!". Sem compreender a proposta fica complicado. No dia achei bastante interessante, mas foi depois das leituras que pude compreender melhor.
Realizei a atividade com minha família.
Além de ser divertido vê-los desenhando, foi interessante perceber a satisfação deles em poder colaborar com meus estudos.
Os desenhos representados não diferem de muitos que nossos alunos poderiam fazer, e as semelhanças e dificuldades entre eles são bem parecidas com as que surgiram entre nossos desenhos, alunas do curso. O coração, a árvore, o pé e o planeta tiveram representações quase idênticas. O átomo (alguns não sabiam o que significava), o micróbio e a energia receberam representações muito distintas. Na análise dos desenhos prontos, questionei sobre as dificuldades e facilidades de representação. Em geral, argumentavam o fato de nunca terem ouvido falar, ou visto algumas imagens, por isso era difícil representar.



O grupo que propus a atividade não tem mais acesso a escola, ou livros didáticos, dificilmente lê revista que contenham estes assuntos, não tem acesso a Internet. A fonte de informação é a televisão, jornal, e outdoors, cartazes, propagandas nas ruas. Longe da escola, mas dentro de uma cultura fortemente construída pela mídia.
De acordo com Marisse basso Amaral,
“a formação de nossas identidades, bem como os processos de relações que estabelecemos com o mundo social e natural, se dão, cada vez mais, para além dos muros escolares. Tal constatação remete para a importância de se promoverem discussões sobre estratégias , ou talvez, sobre uma pedagogia que possa lidar de outra forma com as novas perspectivas e as novas tecnologias multimídias de aquisição de saberes sobre o mundo.”
Mais uma vez podemos constatar que a escola é apenas um dos espaços que se produz e constroem aprendizagens. As relações estabelecidas longe do espaço escolar não são mais importantes quanto as que se estabelecem no cotidiano. As aprendizagens no campo das ciências se dão em toda parte, com ou sem intenções subjetivas.

1 comentários:

Maxi disse...

Ivanize,

Eis outro registro super interessante este teu! :)

Quando dizias..

"Na aula presencial, quando a professora lançou a proposta de desenhar, não percebi o sentido, e confesso que logo pensei: "Que perda de tempo!". Sem compreender a proposta fica complicado. No dia achei bastante interessante, mas foi depois das leituras que pude compreender melhor".

É interessante refletirmos sobre o que consideramos como "perda de tempo"! Esse seria um tema interessantíssimo inclusive para uma pesquisa na área educacional!

Assim, comumente encontramos no senso comum e, sobretudo no campo educacional (infelizmente), quem diga ou pense que é perda de tempo desenhar, dançar, cantar, trocar idéias e experiências pessoais, conhecer o outro e a si mesmo, etc. etc. etc. no espaço da "escola".

Mas isto é uma grande ilusão. Não se trata de perder tempo, mas de construirmos conhecimento a partir do que somos: seres humanos. Seres que gostam de rir, olhar, sentir, tocar, experimentar, e que não gostam de serem "entendidos" como máquinas - repetidoras de saberes sem significação!

Gostaria de ouvir um pouco sobre o que pensas a este respeito.

Outra questão que abordas e que é de similar importância e pertinência diz respeito as nossas "crenças educacionais" de uma forma mais geral.

Usualmente acreditamos que algumas atividades são boas e outras ruins (ou como perda de tempo), que há estratégias de aprender e de ensinar melhores que outras,enfim.

O ponto é, ou melhor, são (porque são em número de 2): (1)nossas crenças influenciam nossas práticas? verifica-se possibilidade de refletirmos sobre isso e mudarmos as crenças que na verdade são anti-educacionais? A luz de que conseguiríamos tal ruptura? e (2)
como contextualizarmos as propostas educacionais de modo que não sejam impostas, num sentido unilateral "top-down" a fim de que o aluno compreenda e veja o sentido delas?

Teus registros são interessantíssimos e nos chamam a um reflexão maior querida! Esperamos que encares este convite como uma troca de idéias entre colegas, não sendo necessário te preocupares com articulações teóricas ou pesquisas para estas reflexoes ok.

Um grande beijo com carinho e admiração, da colega

Maximira Carlota
SI4- Tutora PEAD-FACED UFRGS

Portfólio de Aprendizagens

O Portfólio de Aprendizagens documenta o seu percurso pessoal de aprendizagens durante o Eixo e o Curso. É com base nesses registros que você construirá as reflexões-sínteses e a apresentação oral para o Workshop de Avaliação. O registro sistemático qualifica, facilita e agiliza o trabalho de auto-avaliação e avaliação das aprendizagens.

As postagens favorecem a avaliação e para isso acontecer elas devem ser densas em conteúdo e análise. Lembrem que as postagens serão importantes se elas contemplarem argumentação forte e evidências concretas, buscadas na vida profissional, pessoal ou estudantil.


(Equipe do Seminário Integrador.)